O medo de morrer é um dos maiores da minha vida, e há exatamente dez anos atrás eu estive muito perto disso. E depois de dez anos caminhando lado a lado com o diabetes, cá estou. Foram transformações bruscas, no sentido mais intenso da palavra. Em um dia eu estava comemorando meu aniversário com bolo, doces e refrigerante e no outro descobri que tudo isso poderia ter me matado. Estive internada por cinco dias num hospital onde minha rotina se resumia a tomar injeções, tentar entender o que REALMENTE estava acontecendo comigo, o que ia ser da minha vida dali pra frente e o que mais me faltava acontecer. Com 8 anos recém completados de idade, eu precisei amadurecer de uma hora pra outra, descobri o verdadeiro valor da minha vida e percebi que a partir daquele momento ela dependia apenas de mim. Foi difcil ter que mudar hábitos repentinamente, nem em 10 anos de convivencia com o Diabetes eu me acostumei à rotina que me que é imposta. Cometi e cometo muitos erros que servem como aprendizado, para que eu conheça melhor meus limites, os limites do meu corpo e da minha saúde.
A curiosidade sempre foi minha melhor amiga no sentido da aceitação da doença, através dela percebi que não faz sentido revoltar-me contra o diabetes porque, a partir daquele momento, ele fazia parte de mim e era muito mais forte que eu. Algumas coisas podemos mudar e outras coisas devemos suportar, o diabetes só pode ser suportado. Nesses dez anos ele foi o mais presente companheiro de minha vida, e será aquele que sempre terei que respeitar e satisfazer as vontades e desejos. O diabetes mudou minha vida, mas, principalmente me reeducou e me fez crescer como ser humano.
Não que eu ache que tomar insulina há 10 anos seja algo a ser comemorado, mas tenho que comemorar o fato de poder estar aqui hoje contando isso a vocês! =)
"Ser diabético é tentar cumprir a tarefa diária de adminitrar desejos e vontades em prol de sua propria vida"
Beijones.
